domingo, 27 de setembro de 2015

Simplesmente Bia

Já haviam me alertado do tamanho deste mundo
Mas esse mundo é tão pequeno
Tão menor que a alegria dessa “guria”
Que chegou de pouco em pouco e me disse
Prazer, me chamo Bia

Mora tão longe da selva de pedra
Manda Boa noite do outro lado do país
Tem orgulho de onde vive, de onde anda
Mesmo vindo da cidade mais fria, aquece.
Essa moça chamada Bia

Chega toda noite, e espalha sua revolta
Esse mundo é que não está pronto
 Pra tanta vontade de ser feliz
Pra tanta vontade de cantar
Essa é a moça, que se apresenta como Bia

“Bah” , como havia me esquecido
Ela vive de noite, e descansa durante o dia
Ama o que faz, ama essa tal Psicologia
Dispensa mais apresentações
Simplesmente, Bia

Mas quando minha tristeza bate
Ela vem me chamar com aquela alegria
Conversar sobre tudo e qualquer coisa
Então me venha mais esse dia
Venha mais uma vez, dona Bia

Seja bem vinda ao meu mundo
Me traga essa simplicidade que carrega
Neste sorriso por trás dos batons vermelhos
Só me traga esta calmaria
Da moça que disse um dia, “Prazer, me chamo Bia”

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Lamentos III

E os espinhos novamente se mostram como meu escudo
Cercam o objeto pulsante, sufocando de sentir, mas protegendo da dor
É como me fecho depois deste terceiro ato, o ato de ser traído
De novamente ter oferecido algo que...Nem eu sabia que ainda havia
Mas havia
As vezes me deito e pergunto
Como ainda consigo oferecer algo tão forte assim a alguém?
E como ainda consigo insistir que isso não vai me machucar novamente?
O objeto pulsante ainda insiste em pulsar, mesmo ferido, quase morto.

O primeiro ato da peça teatral chamado “Lamento” se fora...
Deixou a dor de ser solto no meio dos bichos, nu , desprotegido
Querendo apenas que os dias passassem o mais breve possível
Um drama que quase já não me lembro de ter passado, mas que...
Dói hoje,
Foi neste ato que aprendi a me proteger daqueles que fizeram assim
E que hoje me protejo daqueles que querem me fazer do mesmo mal

O segundo ato eu ainda colho alguns frutos pesados, doentes, podres
Fora quando o primeiro espinho me rasgou uma artéria...
Quando descobri que os ferimentos deixavam marcas irreparáveis
O momento da ruptura do que tentava ser, do que realmente...
Eu era pra ser...
Uma ultima tentativa de cura desesperada, uma fonte no meio do nada
Uma completa dificuldade de sentir a brisa fresca no meio do inferno
Mas eu consegui...aos poucos...eu me doei mais uma vez, a terceira

O terceiro me corrói o espirito, me rasga a alma, me enforca os versos
E pela terceira vez eu abri o escudo que me protegia
Deixei entrar quem eu achei que deveria, deixei tirar os espinhos
Permiti que minha “casca” fosse rompida e que eu pudesse respirar..
Um erro?
Com o objeto pulsante exposto foi mais fácil ser atingido, novamente
Fora aberto como nunca havia sido antes, estava bem, como nunca antes
Assim como das outras vezes fora traído, apenas deixado a mercê

E todo espinho que se preze, sem quem podar, volta a crescer
Assim são os ramos envoltos ao objeto pulsante, que agora começam a vir
Agora estão mais fortes, resistentes, mais fechados do que nunca
Podendo ferir quem tente se aproximar de mãos desprotegidas
Lamento...
Eu juro que estou apenas me protendo por trás destes meus olhos
EU juro que não tenho culpa de tudo isso, é apenas um escudo inconsciente
Eu juro que tento, mas a vontade de se fechar apenas cresce...cresce...me domina


terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dos cabelos...

Dos cabelos caindo um a um
Das mechas loiras que um dia me acalmaram
Ah, eu até finjo que eu não tenho medo
Eu até que sei só sorrir bem na frente dela
Ah, se eu pudesse sentir cada dor
Não, ela mesmo não deixaria
Ela mesmo saberia que eu não aguentaria

Um dia foi só nós dois dentro de uma sala branca
Você me olhando e eu no seu colo, o primeiro amor
Ontem foi tão estranho, tudo errado
 Era você no meu colo, o mesmo primeiro amor
Se doeu? Doeu, como eu nunca imaginei doer
Como nunca soube que poderia doer assim?
Ah, mas passou, assim que ela sorriu de novo

Eu não esqueço de tudo que passamos
Das noites mal dormidas, dos medos, sozinhos e juntos
Se eu sei retribuiu? Não
É amor de mãe, se compara? Não
É único, é perfeito, até mesmo nas falhas
E não há falhas que eu queira lembrar agora
Só das tardes e noites em que aprendi contigo


E os cabelos continuam caindo, mas não me irritam
Não tenho raiva da doença, claro que não
Entre nós não tem espaço pra isso, raiva?
Só tem espaço para nosso amor
Aquele do nosso jeito, que ninguém mais entende
E não é para ninguém entender, julgar, criticar
É que eu te amo do meu jeito e você do seu... Perfeito