segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Lamentos III

E os espinhos novamente se mostram como meu escudo
Cercam o objeto pulsante, sufocando de sentir, mas protegendo da dor
É como me fecho depois deste terceiro ato, o ato de ser traído
De novamente ter oferecido algo que...Nem eu sabia que ainda havia
Mas havia
As vezes me deito e pergunto
Como ainda consigo oferecer algo tão forte assim a alguém?
E como ainda consigo insistir que isso não vai me machucar novamente?
O objeto pulsante ainda insiste em pulsar, mesmo ferido, quase morto.

O primeiro ato da peça teatral chamado “Lamento” se fora...
Deixou a dor de ser solto no meio dos bichos, nu , desprotegido
Querendo apenas que os dias passassem o mais breve possível
Um drama que quase já não me lembro de ter passado, mas que...
Dói hoje,
Foi neste ato que aprendi a me proteger daqueles que fizeram assim
E que hoje me protejo daqueles que querem me fazer do mesmo mal

O segundo ato eu ainda colho alguns frutos pesados, doentes, podres
Fora quando o primeiro espinho me rasgou uma artéria...
Quando descobri que os ferimentos deixavam marcas irreparáveis
O momento da ruptura do que tentava ser, do que realmente...
Eu era pra ser...
Uma ultima tentativa de cura desesperada, uma fonte no meio do nada
Uma completa dificuldade de sentir a brisa fresca no meio do inferno
Mas eu consegui...aos poucos...eu me doei mais uma vez, a terceira

O terceiro me corrói o espirito, me rasga a alma, me enforca os versos
E pela terceira vez eu abri o escudo que me protegia
Deixei entrar quem eu achei que deveria, deixei tirar os espinhos
Permiti que minha “casca” fosse rompida e que eu pudesse respirar..
Um erro?
Com o objeto pulsante exposto foi mais fácil ser atingido, novamente
Fora aberto como nunca havia sido antes, estava bem, como nunca antes
Assim como das outras vezes fora traído, apenas deixado a mercê

E todo espinho que se preze, sem quem podar, volta a crescer
Assim são os ramos envoltos ao objeto pulsante, que agora começam a vir
Agora estão mais fortes, resistentes, mais fechados do que nunca
Podendo ferir quem tente se aproximar de mãos desprotegidas
Lamento...
Eu juro que estou apenas me protendo por trás destes meus olhos
EU juro que não tenho culpa de tudo isso, é apenas um escudo inconsciente
Eu juro que tento, mas a vontade de se fechar apenas cresce...cresce...me domina


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